sexta-feira, 3 de agosto de 2007

William Carlos Williams












"Smell!"

Oh strong-ridged and deeply hollowed
nose of mine! what will you not be smelling?
What tactless asses we are, you and I, boney nose,
always indiscriminate, always unashamed,
and now it is the souring flowers of the bedraggled
poplars: a festering pulp on the wet earth
beneath them. With what deep thirst
we quicken our desires
to that rank odor of a passing springtime!
Can you not be decent? Can you not reserve your ardors
for something less unlovely? What girl will care
for us, do you think, if we continue in these ways?
Must you taste everything? Must you know everything?
Must you have a part in everything?
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William Carlos Williams (1917)
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Cheiro
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Oh deveras saliente e todo oco
nariz meu! O que irá você não cheirar?
Que toscos asnos somos, você e eu, ossudo nariz,
sempre promíscuos, sempre desavergonhados,
e agora com as ácidas flores dos lúbricos
álamos: a polpa pútrida na terra úmida
por debaixo. Com que funda fome
incitamos nossos desejos
aos acres odores de fugaz primavera!
É pedir demais decência? Que guarde os ardores
pro menos desamável? Que garota vai nos
querer, imagine, se continuarmos assim?
É preciso provar tudo? Conhecer tudo?
É preciso se meter em tudo?
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Tradução: Cecília Furquim