domingo, 5 de agosto de 2007

William Shakespeare





















Três traduções diferentes de um mesmo soneto de William Shakespeare


Sonnets: XVIII

Shall I compare thee to a summer’s day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer’s lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm’d;
And every fair from fair sometime declines,
By chance, or nature’s changing course, untrimm’d,
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander’st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest:
So long as men can breath or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.


William Shakespeare



És assim como a manhã do verão?
Teu modo ainda mais brando, ainda mais belo:
Ventos abalam a vida em botão,
E cedo com o verão se parte o elo
Quando o olho do céu intenso brilha
Sua feição dourada depois se ofusca;
E todo ser de luz cai na armadilha,
Da sina ou desdita, de forma injusta;
Mas teu perene verão vai seguir,
Nem deves perder o brilho que tens;
Nem virá da Morte a sombra cair
Se em versos eternos crescem teus bens
Enquanto o ar é condição terrena
Tua vida há de durar neste poema


Tradução: Cecilia Furquim



Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.
Às vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na eterna mutação da natureza.
Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:
Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.


Tradução: Anna Amélia- mãe da tradutora Bárbara Eliodora



Devo igualar-te a um dia de verão?
Mais afável e belo é o teu semblante:
O vento esfolha Maio inda em botão,
Dura o termo estival um breve instante.
Muitas vezes a luz do céu calcina,
Mas o áureo tom também perde a clareza:
De seu belo a beleza enfim declina,
Ao léu ou pelas leis da Natureza,
Só teu verão eterno não se acaba
Nem a posse de tua formosura;
De impor-te a sombra a Morte não se gaba
Pois que esta estrofe eterna ao Tempo dura.
Enquanto houver viventes nesta lida,
Há de viver meu verso e te dar vida.


Tradução: Ivo Barroso