domingo, 1 de junho de 2008

O garotinho negro



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The Little Black Boy


My mother bore me in the southern wild,
And I am black, but O! my soul is white;
White as an angel is the English child:
But I am black as if bereav'd of light.

My mother taught me underneath a tree
And sitting down before the heat of day,
She took me on her lap and kissed me,
And pointing to the east began to say.

Look on the rising sun: there God does live
And gives his light, and gives his heat away.
And flowers and trees and beasts and men receive
Comfort in morning joy in the noon day.

And we are put on earth a little space,
That we may learn to bear the beams of love,
And these black bodies and this sun-burnt face
Is but a cloud, and like a shady grove.

For when our souls have learn'd the heat to bear
The cloud will vanish we shall hear his voice.
Saying: come out from the grove my love & care,
And round my golden tent like lambs rejoice.

Thus did my mother say and kissed me,
And thus I say to little English boy;
When I from black and he from white cloud free,
And round the tent of God like lambs we joy:

I'll shade him from the heat till he can bear,
To lean in joy upon our fathers knee.
And then I'll stand and stroke his silver hair,
And be like him and he will then love me.

William Blake

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O garotinho negro

Minha mãe me teve em terra selvagem,
Sou negro, porém minha alma é alva;
A criança ao norte tem branca imagem
Sendo negro, me falta a luz que salva.

Aprendi com mamãe sob uma árvore
Ela sentada, antes do amanhecer,
Comigo ao colo, a beijar minha face
E a olhar o leste, começou a dizer:

“Onde o sol nasce, é ali que Deus mora
E espalha luz e irradia o calor.
A flor,a planta, o bicho e o homem sorvem
O alento da manhã e a intensa cor.

E envoltos somos em pequeno ninho,
Onde cultivar centelhas de laços,
E esta face queimada e o corpo tinto
É só uma sombra que paira no espaço.

Pois quando o espírito suporta os raios
A sombra some, e ouvimos a voz
Dizendo: o corpo da treva, tirai
E deixai meu ouro pousar em vós.

Assim mamãe falou em tom suave,
E assim repito ao garoto do norte;
Quando, livres da preta ou branca nuvem,
Entregarmos a Deus a nossa sorte:

Até que ele possa agüentar o fogo,
E curvar-se diante de nosso pai,
Nele farei sombra. Então, num afago
Serei amado, seremos iguais.

tradução: Cecilia Furquim


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