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sábado, 18 de maio de 2019

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rego
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eco
não
vi
rei
can
iço


domingo, 30 de maio de 2010

Muitos cavalos

São Paulo pesa
na folha de papel
tum tum do ônibus
sobre as páginas

Restos vegetais
em banho cáustico
sorvem
rastros urbanos.

Cápsulas calibre 380
Rolam, olam, olam
Criolina com sabão
Molha, olha, olha
Índio bobo
alheia, eia, eia.

Eia! bosta no piche
Eia! falta no asfalto
Eia! Coice no ar
Eia! Peão gordo

Imunda pedra humana

A celulose não agüenta.
É a letra que sustenta
a gravidade.



Cecilia Furquim, janeiro de 2008

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

O Si














“Mas quem é Narciso? Narciso é o ser ou estar que prova e aprova a si próprio. Narciso é a instância do ser ou estar que prova e aprova o próprio ser ou estar.”
Antonio Cícero

(afirmação que esclarece sua definição de ‘dança narcísica’ ao se referir ao trabalho de Hèlio Oiticica: ‘Parangolé’)


O SI
O Sicrano investiga
o provar e o aprovar-se
do Narciso

Com uma ponta de juízo
e outra de riso

Inseguro da inocência
e do sarcasmo

que se prende e aprende-se
como preço e apreço
do Sicrano condoído
e invejoso do Narciso.


Cecilia Furquim

domingo, 22 de julho de 2007

Fartura















Fig. 0632a. Eros e Psiquê. Óleo sobre tela de Louis David (1748/1825). Cleveland Museum of Art. Foto: Susan Bonvallet.


FARTURA

Psique estava farta
de só encontrar o amante
num motel de luxo.

Carícias infinitamente breves,
solidão longa.
Quem disse que o amor basta?

A Alegria só chega
quando se ostenta
um sobrenome chique.


Cecilia Furquim - Junho de 2007


imagem retirada do site: http://greciantiga.org/img/esc/i632.asp

Abraço

06/02/2007 - 20h11 -Esqueletos de casal são encontrados em eterno abraço
ROMA (Reuters) - Pode chamar de abraço eterno. Arqueólogos na Itália descobriram um casal enterrado entre 5.000 e 6.000 anos atrás, se abraçando.
"É um caso extraordinário", disse Elena Menotti, que liderou a equipe nas escavações perto da cidade de Mantova, norte do país.
"Não foi descoberto um enterro de casal do período Neolítico, muito menos duas pessoas se abraçando -- e ambos estão realmente se abraçando".
Menotti disse acreditar que os dois, quase certamente um homem e uma mulher, embora ainda não tenha sido confirmado, morreram jovens, porque suas arcadas dentárias estavam quase inteiramente intactas e não estavam gastas.
"Devo dizer que quando nós os descobrimos, ficamos muito entusiasmados. Tenho este emprego há 25 anos. Fiz escavações em Pompéia, todos os sítios famosos", disse ela a Reuters. "Mas eu nunca fiquei tão comovida assim, porque esta é a descoberta de algo especial".
Um laboratório tentará determinar a idade do casal à época da morte e há quanto tempo estão enterrados.


Abraço

Cinco mil anos de morte talho
Cinco mil ais de tempo falho
No pó, no osso, calcinando sina
Enlace de poço: mortalha menina

Segue arcada intacta de siso
Segue rio perene de resto
Remota onda de cinco mil contas
Repicando o toque: cálcio rosário

Em urna una, despidos de alma
Em pleno espelho, conjunta sala,
Calçam o verso do universo
Cantam ávidos inversa ária.

Cecilia Furquim - 02/2007