São Paulo pesa
na folha de papel
tum tum do ônibus
sobre as páginas
Restos vegetais
em banho cáustico
sorvem
rastros urbanos.
Cápsulas calibre 380
Rolam, olam, olam
Criolina com sabão
Molha, olha, olha
Índio bobo
alheia, eia, eia.
Eia! bosta no piche
Eia! falta no asfalto
Eia! Coice no ar
Eia! Peão gordo
Imunda pedra humana
A celulose não agüenta.
É a letra que sustenta
a gravidade.
Cecilia Furquim, janeiro de 2008
domingo, 30 de maio de 2010
Marcelo
Mar
Que o olho banha
Céu
Que o corpo cobre
Elo
Que a tribo une
Com ondas
de cem decibéis
E pontas
de arranha céus
Correntes
de Heavy metal
Índio cara pálida
Que mora na taba
do Tupinambá
Voz de cigarra
Olhos de mata
Braço de raio
Colo de pai
Amor de maio
Cecilia Furquim, 2008
Que o olho banha
Céu
Que o corpo cobre
Elo
Que a tribo une
Com ondas
de cem decibéis
E pontas
de arranha céus
Correntes
de Heavy metal
Índio cara pálida
Que mora na taba
do Tupinambá
Voz de cigarra
Olhos de mata
Braço de raio
Colo de pai
Amor de maio
Cecilia Furquim, 2008
Cisne Negro
O velho globo
cai em si
ao ver o vôo
do novo cisne
Seu negro pouso
torna o im
possível
Cecilia Furquim, 2009
cai em si
ao ver o vôo
do novo cisne
Seu negro pouso
torna o im
possível
Cecilia Furquim, 2009
Memória
A menina de tranças
balança o corpo,
balança.
Suas tranças brincam
com o moço liso
e dançam.
O homem escorrega
liso do balanço
da moça.
Cada fio da mulher
Escreve uma história
Palavras e palavras
Pairam no corpo
da senhora.
Cada fio
história.
Sua pele suga a tinta
e sílabas saltam
pra fora.
Cada fio
O corpo enegrece
E a velha permanece
Sem memória.
Fio.
Cecilia Furquim, 2010
balança o corpo,
balança.
Suas tranças brincam
com o moço liso
e dançam.
O homem escorrega
liso do balanço
da moça.
Cada fio da mulher
Escreve uma história
Palavras e palavras
Pairam no corpo
da senhora.
Cada fio
história.
Sua pele suga a tinta
e sílabas saltam
pra fora.
Cada fio
O corpo enegrece
E a velha permanece
Sem memória.
Fio.
Cecilia Furquim, 2010
Passos
Meu filho sem fígado.
Minha filha sem barriga
Nossos passos
Minha mão de meio dedo
Minha mãe de lapsos
Água marrom
Cerca e cerca
Pantano e pantano
Passos, passos.
Cecilia Furquim, 2010
Minha filha sem barriga
Nossos passos
Minha mão de meio dedo
Minha mãe de lapsos
Água marrom
Cerca e cerca
Pantano e pantano
Passos, passos.
Cecilia Furquim, 2010
sábado, 8 de maio de 2010
Limericks de Lear
de Edward Lear
tradução de Cecilia Furquim
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There was an Old Man of Leghorn,
Havia um velho da Cochinchina;
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Havia uma jovem de Sevilha,
Havia um velho senhor de Santos,
Havia um velho senhor de Java,
Que morava no fundo da mata,
Onde lia seus livros,
Com os corvos e grilos,
Aquele calmo senhor de Java.
tradução de Cecilia Furquim
There was an Old Man of Whitehaven,
Who danced a quadrille with a raven;
But they said, 'It's absurd
To encourage this bird!'
So they smashed that Old Man of Whitehaven.
Havia um velho homem do Porto,
Que dançava de par com um corvo;
Mas disseram 'Que ultraje!
Encorajar tal ave!'
Encorajar tal ave!'
E esmagaram o homem do Porto.
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There was an Old Man of Leghorn,
The smallest that ever was born;
But quickly snapped up he
Was once by a puppy,
Who smashed that Old Man of Leghorn.
Havia um homem Catarineta;
O menor homem do planeta,
Logo levou o bote
Logo levou o bote
de um cãozinho filhote,
Que devorou o Catarineta.
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There was an Old Man of the Nile;
Who sharpened his nails with a file,
Till he cut out his thumbs,
And said calmly, 'This comes
of sharpening one's nails with a file!'
Havia um velho da Cochinchina;
Que afiava suas unhas com lima,
Até cortar seus dedos,
Calmo disse: bem feito,
Quem mandou usar assim a lima.
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There was a young person of Bantry;
Who frequently slept in the pantry,
When disturbed by the mice,
She appeased them with rice,
That judicious yong person of Bantry.
Havia uma jovem de Sevilha,
Que só dormia na cozinha;
Se envolta por ratos,
Dava arroz do prato,
A sensata jovem de Sevilha.
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There was an old person of Shields,
Who frequented the valley and fields;
All the mice and the cats,
And the snakes and the rats,
Followed after that person of Shields.
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Havia um velho senhor de Santos,
Que frequentava vales e campos;
Todos: ratos e gatos,
E cobras e lagartos,
Seguiam o tal senhor de Santos.
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There was an old person of Hove,
Who frequented the depths of a grove;
Where he studied his books,
With the wrens and the rooks,
That tranquil old person of Hove.
Who frequented the depths of a grove;
Where he studied his books,
With the wrens and the rooks,
That tranquil old person of Hove.
Havia um velho senhor de Java,
Que morava no fundo da mata,
Onde lia seus livros,
Com os corvos e grilos,
Aquele calmo senhor de Java.
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