GOTA D’ÁGUA:
ENTRE O MITO E O ANONIMATO
Cecilia Silva Furquim Marinho
Dissertação de mestrado em Literatura Brasileira
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP)
Orientação: Prof. Dr. Ivan Francisco
Marques
Banca Examinadora: Ivan Francisco Marques (Presidente), João Roberto Gomes de Faria e Orna Messer Levin
Data de defesa: 25/06/2013
Banca Examinadora: Ivan Francisco Marques (Presidente), João Roberto Gomes de Faria e Orna Messer Levin
Data de defesa: 25/06/2013
RESUMO
O trabalho investiga a feição dos versos que dão vida à peça Gota d’água de Chico Buarque e Paulo Pontes, escrita e encenada em 1975. Procura desvendar a maneira como os versos se compõem na formação da estrutura dramática da peça e os efeitos que produz no leitor ou no espectador. Como a peça dialoga intensamente com o momento cultural e político dos anos 1970, há uma busca do ponto de encontro entre a realização estética concebida e os projetos culturais ou outras motivações extra-textuais que tenham influenciado a sua composição. O estudo abrange a realização sonora que se dá (ou que se imagina) no palco, os aspectos poéticos, lírico-musicais da peça, sua característica dramático-épica e os temas e idéias que permeiam o plano de conteúdo da obra. A análise foi feita em grande parte contrapondo Gota d’água com a obra que pretende recriar: a Medeia de Eurípides. Os diversos elementos manipulados no trabalho ora se complementam, ora se chocam, criando uma mescla significativa e de apreciação controversa, sobre a qual artistas e pesquisadores têm se debruçado no questionamento da produção teatral brasileira.Tais elementos são a absorção do popular e do erudito, da
identificação catártica e do distanciamento crítico, da experiência totalizante do mito e daquela que é comum, socialmente demarcada por delineamentos temporais e espaciais, dentre outros exemplos.
PALAVRAS-CHAVE
Gota d’água, Chico Buarque, Paulo Pontes, Medeia,
tragédia, nacional-popular, dramaturgia brasileira, peça em versos, arte e
política, catarse e afastamento.
ABSTRACT
This paper goes into the production process of the poetic lines which give life to Chico Buarque and Paulo Pontes´s play Gota d’água, published and performed in 1975. It aims to understand how they are put together to compose its drama structure as well as the effects they cause on the reader and audience. Since the play is deeply engaged in the cultural and political scenario of the 1970’s, this analysis also seeks to examine the connections between its esthetics and the cultural projects or any other points of influence that may have motivated its form. The study involves the play’s sounds listened to (or imagined) on stage such as the play´s poetic, musical-lyric aspects, its epic-drama characteristics and many of the themes and ideas that constitute the work’s content. The analysis frequently contrasts Gota d’água and the play it intends to recreate: Medea by Euripides. The various elements dealt with in Gota d’água are sometimes complementary, sometimes clashing, accounting for a meaningful mix and giving rise to controversial appraisal upon which researchers and artists have given a lot of thought when pondering about the Brazilian contemporary drama experience. Such contrasts bring together the resource to the popular and the scholarly, the use of cathartic identification and critical distance, the mythical and the anonymous ordinary human trajectory, among other examples.
KEY WORDS
Gota
d’água, Chico Buarque, Paulo
Pontes, Medea, tragedy, Brazilian
drama, popular and national identity, play in verse, art and politics, catharsis
and distance.