sexta-feira, 11 de abril de 2014

Gota d'água: entre o mito e o anonimato


GOTA D’ÁGUA:
ENTRE O MITO E O ANONIMATO
Cecilia Silva Furquim Marinho

Dissertação de mestrado em Literatura Brasileira
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP)
Orientação: Prof. Dr. Ivan Francisco Marques
Banca Examinadora: Ivan Francisco Marques (Presidente), João Roberto Gomes de Faria e Orna Messer Levin
Data de defesa: 25/06/2013


RESUMO
               
O  trabalho  investiga  a  feição  dos  versos  que  dão  vida  à  peça  Gota  d’água  de Chico  Buarque  e Paulo  Pontes,  escrita  e  encenada  em  1975.  Procura  desvendar  a maneira  como os versos se compõem na formação da  estrutura dramática  da peça  e os efeitos que produz no leitor ou no espectador. Como a peça dialoga intensamente com o momento cultural e político dos anos 1970, há uma busca do ponto de  encontro entre  a realização estética concebida e os  projetos culturais ou  outras  motivações extra-textuais que tenham influenciado a sua composição. O estudo abrange a realização sonora que se dá (ou  que  se  imagina)  no  palco,  os  aspectos  poéticos,  lírico-musicais  da  peça,  sua característica dramático-épica e os temas e idéias que permeiam o plano de conteúdo da obra.  A  análise  foi  feita  em grande  parte  contrapondo  Gota  d’água  com  a  obra  que pretende recriar: a Medeia de Eurípides. Os diversos elementos manipulados no trabalho ora se complementam, ora se chocam, criando uma mescla significativa e de apreciação controversa, sobre a qual  artistas e pesquisadores têm se debruçado no questionamento da produção teatral brasileira.Tais elementos são a absorção do popular e do erudito, da 
identificação catártica e do distanciamento crítico, da experiência totalizante do mito e daquela que é comum, socialmente demarcada por delineamentos temporais e espaciais, dentre outros exemplos.
  
PALAVRAS-CHAVE
Gota d’água, Chico Buarque, Paulo Pontes, Medeia, tragédia, nacional-popular, dramaturgia brasileira, peça em versos, arte e política, catarse e afastamento.

ABSTRACT

This paper goes into the production process of the poetic lines which give life to Chico  Buarque  and  Paulo Pontes´s  play  Gota  d’água,  published  and   performed  in 1975. It aims to  understand  how they  are put together to compose its drama structure  as well  as  the  effects  they  cause  on  the  reader  and audience. Since  the  play  is  deeply engaged in the cultural and political scenario of the 1970’s, this analysis also seeks to examine  the  connections  between  its  esthetics  and  the  cultural  projects  or  any other points of influence  that  may  have  motivated  its  form.  The  study  involves  the  play’s sounds listened to (or imagined)  on  stage  such  as  the  play´s  poetic,  musical-lyric aspects,  its  epic-drama characteristics and many of  the  themes and  ideas  that constitute the  work’s  content.  The  analysis frequently  contrasts Gota d’água  and  the  play  it intends  to  recreate:  Medea  by  Euripides.  The various  elements  dealt with in Gota d’água  are  sometimes  complementary,  sometimes  clashing, accounting  for  a meaningful mix and giving rise to  controversial  appraisal upon which  researchers and artists  have  given  a  lot  of thought when  pondering  about  the  Brazilian  contemporary drama experience.  Such  contrasts  bring together the resource  to  the  popular  and  the scholarly, the use of cathartic identification and critical distance, the mythical and the anonymous ordinary human trajectory, among other examples.

KEY WORDS

Gota d’água, Chico Buarque, Paulo Pontes, Medea, tragedy, Brazilian drama, popular and national identity, play in verse, art and politics, catharsis and distance.