Beauty -- be not caused -- It Is -
Deity will see to it
That You never do it --
Graça -- não forçada -- fica --
Se caçá-la, cessa --
Se não caçá-la, ela habita --
Ignora as dobras
Nos prados – quando o dedos
do vento ali se espalham--
É só Deus quem olha
Não nos cabe imitá-lo
A sepal, petal, and a thorn
Upon a common summer's morn-
Emily Dickinson
A sépala, a pétala e o espinho
num verão simples, bem cedinho --
vidro de orvalho – bis abelhas --
mole aragem – ipê molecagem --
e eu saio rosa!
I cannot live with you
It would be life
And life is over there
Behind the shelf
The sexton keeps the key to,
Putting up
Our life, his porcelain,
Like a cup
Discarded of the housewife,
Quaint or broken;
A newer Severs pleases,
Old ones crack.
I could not die with you,
For one must wait
To shut the other’s gaze down,
You could not.
And I, could I stand by
And see you freeze,
Without my right of frost,
Death’s privilege?
Nor could I rise with you,
Because your face
Would put out Jesus’,
That new grace
Glow plain and foreign
On my homesick eye,
Except that you, than he
Shone closer by.
They’d judge us – how?
For you served Heaven, you know,
Or sought to;
I could not,
Because you saturated sight,
And I had no more eyes
For sordid excellence
As Paradise.
And were you lost, I would be,
Though my name
Rang loudest
On the heavenly fame.
And were you saved
And I condemned to be
Where you were not,
That self were hell to me.
So we must keep apart,
You there, I here,
With just the door ajar
That oceans are,
And prayer,
And that pale sustenance,
Despair
Emily Dickinson
NÃO POSSO VIVER COM VOCÊ
Não posso viver com você
Isso seria vida
E a vida fica bem ali
Por trás da estante.
O sacristão segura a chave,
Suspensa fica
Nossa vida, sua louça,
Feito uma xícara
Liberta da dona de casa,
Estranha ou quebrada;
A louça mais nova é que agrada,
As antigas partem.
Não poderia morrer com você,
Pois um deve esperar
Pra enfim fechar o olhar do outro,
Você não poderia.
E eu? Poderia parar
E vê-lo um corpo frio,
Sem meu direito de frio,
Privilégio da morte?
Nem poderia acordar com você,
Porque sua face
Desalojaria Jesus,
Essa nova graça
Aquece estrangeiro
Meu olho exilado,
Mas você, mais do que ele
Brilhou ao meu lado.
Eles nos julgariam – Como?
Pois você serviu o céu, é certo
Ou assim tentou,
Eu não poderia,
Pois você saturou a vista,
E eu sem mais visão
Para sórdida perfeição
Como o Paraíso.
Se acaso você se perdesse,
Me perderia também
Mesmo que eu fosse
Famosa como ninguém
E se você se salvasse,
E eu fosse condenada
A ficar sem você,
Seria o inferno, mais nada
Fiquemos pois, apartados,
Você lá, eu cá,
Com semicerrada porta
Que são os oceanos
E a oração
E aquele pálido alimento
Desilusão!
Cecilia Furquim - Maio de 2006