sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Emily Dickinson
















Beauty -- be not caused -- It Is -

Beauty -- be not caused -- It Is -
Chase it, and it ceases --
Chase it not, and it abides --
Overtake the Creases

In the Meadow --when the Wind
Runs his fingers thro' it --
Deity will see to it
That You never do it --

Emily Dickinson

Graça – não forçada – fica --

Graça -- não forçada -- fica --
Se caçá-la, cessa --
Se não caçá-la, ela habita --
Ignora as dobras

Nos prados – quando o dedos
do vento ali se espalham--
É só Deus quem olha
Não nos cabe imitá-lo

Cecilia Furquim - Dezembro de 2006


A sepal, petal, and a thorn

A sepal, petal, and a thorn
Upon a common summer's morn-
A flask of Dew -- A Bee or two --
A Breeze -- a caper in the trees --
And I'm a Rose!

Emily Dickinson

A sépala, a pétala e o espinho

A sépala, a pétala e o espinho
num verão simples, bem cedinho --
vidro de orvalho – bis abelhas --
mole aragem – ipê molecagem --
e eu saio rosa!



Cecilia Furquim - Dezembro de 2006 (com contribuições de colegas do curso de tradução na Casa das Rosas)


I CANNOT LIVE WITH YOU

I cannot live with you
It would be life
And life is over there
Behind the shelf

The sexton keeps the key to,
Putting up
Our life, his porcelain,
Like a cup

Discarded of the housewife,
Quaint or broken;
A newer Severs pleases,
Old ones crack.

I could not die with you,
For one must wait
To shut the other’s gaze down,
You could not.

And I, could I stand by
And see you freeze,
Without my right of frost,
Death’s privilege?

Nor could I rise with you,
Because your face
Would put out Jesus’,
That new grace

Glow plain and foreign
On my homesick eye,
Except that you, than he
Shone closer by.

They’d judge us – how?
For you served Heaven, you know,
Or sought to;
I could not,

Because you saturated sight,
And I had no more eyes
For sordid excellence
As Paradise.

And were you lost, I would be,
Though my name
Rang loudest
On the heavenly fame.

And were you saved
And I condemned to be
Where you were not,
That self were hell to me.

So we must keep apart,
You there, I here,
With just the door ajar
That oceans are,
And prayer,
And that pale sustenance,
Despair

Emily Dickinson

NÃO POSSO VIVER COM VOCÊ

Não posso viver com você
Isso seria vida
E a vida fica bem ali
Por trás da estante.

O sacristão segura a chave,
Suspensa fica
Nossa vida, sua louça,
Feito uma xícara

Liberta da dona de casa,
Estranha ou quebrada;
A louça mais nova é que agrada,
As antigas partem.

Não poderia morrer com você,
Pois um deve esperar
Pra enfim fechar o olhar do outro,
Você não poderia.

E eu? Poderia parar
E vê-lo um corpo frio,
Sem meu direito de frio,
Privilégio da morte?

Nem poderia acordar com você,
Porque sua face
Desalojaria Jesus,
Essa nova graça

Aquece estrangeiro
Meu olho exilado,
Mas você, mais do que ele
Brilhou ao meu lado.

Eles nos julgariam – Como?
Pois você serviu o céu, é certo
Ou assim tentou,
Eu não poderia,

Pois você saturou a vista,
E eu sem mais visão
Para sórdida perfeição
Como o Paraíso.

Se acaso você se perdesse,
Me perderia também
Mesmo que eu fosse
Famosa como ninguém

E se você se salvasse,
E eu fosse condenada
A ficar sem você,
Seria o inferno, mais nada

Fiquemos pois, apartados,
Você lá, eu cá,
Com semicerrada porta
Que são os oceanos
E a oração
E aquele pálido alimento
Desilusão!

Cecilia Furquim - Maio de 2006