o reto
para a vida ser reta
é preciso abandonar
todas as curvas
para a vida
ser reta é preciso abandonar
todas as curvas
para a vida ser reta é preciso abandonar
todas as curvas
para a vida ser reta é preciso abandonar todas as curvas
segunda classe
de manhã
média com pão e manteiga
no almoço
dieta de quantia média
o dia todo
média com o chefe
pra não ficar
abaixo da média dos ordenados
no estacionamento
taxa de carro médio
meio tanque cheio
a volta pra casa
em velocidade média
rádio ligado
em ondas médias
na chegada
metade uísque metade água
média mensal do filho na escola
a cara metade fala de ofertas
com 50% de abatimento
novela o divertimento
(gosta daquela entre a das 6 e a das 8)
depois do banho morno
panos quentes nos desentendimentos
um coito de meia hora
pau tamanho médio
meio duro, gozo mediano
deitado de meias na metade da cama
o jornal da tv: mass-media
pra ficar por dentro da vida
Marcelo Tápia é poeta, músico, tradutor e professor do ‘curso de criação e tradução de poesia’ na Casa das Rosas. Publicou, entre outros, os livros Primitipo (1982), O bagatelista (1985), Rótulo (1990), Livro aberto (1992), Pedra volátil (1996) e o volume de tradução A forja – alguma poesia irlandesa (2003). É integrante do grupo de música irlandesa Irish Dreams com dois Cds gravados, Irish Dreams, 2000, e Whiskey in the Jar, 2002. Tem se destacado desde 1987 na organização das comemorações do Bloomsday paulistano, homenagem anual ao escritor irlandês James Joyce. Colabora para uma coluna na revista cronópios (www.cronopios.com.br ) e publica textos literários na revista Mnemozine.
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